"Cinzas. Evocação do barro inicial e da fragilidade,
sinal de miséria e grandeza
deste homem que sonha ser melhor.
A cinza que aduba a terra e branqueia a roupa das lavadeiras
desperta-me do torpor rotineiro dos dias
e aponta o caminho humilde do essencial.
É o sopro do Espírito que anima o barro moldado,
e me ergue nestes passos vacilantes e inquietos
de quem reaprende a fidelidade após a queda.
Quantas vezes quase morri no deserto
de sede mesmo à beirinha da fonte e de fome perto da mesa,
cego por não acreditar nas estrelas,
de solidão por não dar nem receber um abraço!
Descubro por entre as ruínas um amor que não se gasta
e uma palavra que salva o que estava perdido.
Posso escutá-la nos montes e desejar ali ficar para sempre
mas sou convidado a descer à planície onde ela se faz vida.
Apresento-me de mãos vazias como uma árvore sem frutos
mas há quem cave a terra e a adube com esperança.
Na humildade do pai aprendo a ser filho,
muito além da miséria ou do orgulho em que me fecho
nada o pode impedir de vir ao meu encontro.
Sinto o amor que não condena, mais forte que as pedras da lei,
e da minha fragilidade de filha, irmã e mulher me ergue,
com palavras que têm sabor de paraíso.
Das cinzas toda a recriação é possível,
quando confio na mão que segura a minha,
nos olhos que iluminam os meus,
na palavra que tem sabor de princípio e diz: “faça-se”,
no amor que vence o impossível!"
P. Vitor Gonçalves
sinal de miséria e grandeza
deste homem que sonha ser melhor.
A cinza que aduba a terra e branqueia a roupa das lavadeiras
desperta-me do torpor rotineiro dos dias
e aponta o caminho humilde do essencial.
É o sopro do Espírito que anima o barro moldado,
e me ergue nestes passos vacilantes e inquietos
de quem reaprende a fidelidade após a queda.
Quantas vezes quase morri no deserto
de sede mesmo à beirinha da fonte e de fome perto da mesa,
cego por não acreditar nas estrelas,
de solidão por não dar nem receber um abraço!
Descubro por entre as ruínas um amor que não se gasta
e uma palavra que salva o que estava perdido.
Posso escutá-la nos montes e desejar ali ficar para sempre
mas sou convidado a descer à planície onde ela se faz vida.
Apresento-me de mãos vazias como uma árvore sem frutos
mas há quem cave a terra e a adube com esperança.
Na humildade do pai aprendo a ser filho,
muito além da miséria ou do orgulho em que me fecho
nada o pode impedir de vir ao meu encontro.
Sinto o amor que não condena, mais forte que as pedras da lei,
e da minha fragilidade de filha, irmã e mulher me ergue,
com palavras que têm sabor de paraíso.
Das cinzas toda a recriação é possível,
quando confio na mão que segura a minha,
nos olhos que iluminam os meus,
na palavra que tem sabor de princípio e diz: “faça-se”,
no amor que vence o impossível!"
P. Vitor Gonçalves