junho 25, 2007

As trapalhadas da Dona Lurdes

"A professora Manuela Estanqueiro foi há dias a enterrar. Tinha 63 anos e mais de 30 de serviço, leccionando em Cacia, Aveiro.
Trabalhou as últimas semanas em agonia, entre vómitos e desmaios em plena sala de aula.
Tudo porque a Junta Médica da Caixa Geral de Aposentações só lhe reconheceu o direito à aposentação uma semana antes da sua morte, já ela estava acamada no hospital, numa luta inglória contra uma leucemia diagnosticada há vários meses.
Na mesma semana, o professor suspenso pela indescritível Directora da DREN conhecia a acusação de que é alvo pelas declarações proferidas em privado sobre a Licenciatura do Primeiro-Ministro, num processo que espelha o pior exemplo da partidarização do Estado.
Quase em simultâneo, o Tribunal Constitucional considerou inconstitucionais as normas que permitiram, no ano lectivo 2005/06, repetir os exames de Física e Química do 12º. ano apenas aos alunos que compareceram à primeira chamada. À data, e face ao prejuízo sofrido por mais de 10 mil concorrentes, a Ministra da Educação garantia que "agia no estrito cumprimento da lei".
Poucos dias passaram e era a vez da expulsão da Associação de Professores de Matemática, que há duas décadas vem representando mais de 4 mil docentes, da Comissão de Acompanhamento do Plano de Matemática, tão só porque nem sempre coincidia nas suas posições com as do Ministério.
Numa visita efectuada em Março ao nosso Concelho (Vila Nova de Famalicão), Maria de Lurdes Rodrigues recusou cumprimentar o Presidente da Câmara, reagindo, sem elegância, às críticas que este entendera fazer a propósito de algumas das suas medidas.
Volvidos três meses, a desorientação ministerial é cada vez mais visível.
Por este andar, não faltará muito para que a Dona Lurdes não encontre ninguém em Portugal para cumprimentar."
Durval Tiago Ferreira, in Cidade Hoje, 21.06.2007

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