Tempo de cuidar
A vida não é feita de linhas rectas,
e não são as auto-estradas que melhor a definem.
Tem curvas e contra-curvas, ondas e deambulações como o voo da borboleta,
carrocel de subidas e descidas, recomeços e ciclos, rotinas grávidas de novidade.
Mas escolhe-se ir mais longe e mais rápido, aceitar tudo o que parece novo,
vive-se uma urgência de andar feliz que faz esquecer a tarefa
de escavar o metro quadrado
de mundo e de vida que nos foi confiado.
Pobres de nós quando esquecemos de onde vimos,
e mais pobres quando deixamos de sonhar para onde vamos.
O advento é grito de Deus a acordar a nossa esperança,
faísca em noite de tempestade a iluminar o que os olhos já não creêm.
Vem misturado de luzes e papéis de fantasia,
melodias natalícias e presentes para comprar
e, quase envergonhado, ao ver-nos na azáfama de sempre
vai, simplesmente, repetir baixinho:
"Tende cuidado convosco"!
Cuidado em não deixar tornar-se pesado
o bater do coração,
cuidado em não deixar de lado
aquele que nos estende a mão,
cuidado em não andar preocupado
com o que já foi e com o ainda não.
Porque é sempre Jesus que vem,
a sua vinda merece o cuidado do que é importante,
deste presente que somos nós,
e do valor de cada instante.
Com Ele, todo o recomeço é possível na espiral ascendente da vida,
e o apelo, "erguei-vos e levantai a cabeça"
será repetido infinitamente
para não deixarmos de dizer: "Presente"
quando o Filho do Homem nos olhar!
P. Vitor Gonçalves
1 comentários:
Caro amigo
Há já longos dias que não descanso os olhos nas tuas meditações.
Fiquei a perder.
Neste Advento o 'erguei-vos e levantai a cabeça' faz todo o sentido.
Uma atitude positiva torna-nos mais fiéis à tarefa de construir um mundo melhor.
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